quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ali engenhero é mi

"Isto é totalmente diferente do que eu estava a espera", disse uma amiga olhando para a pequena colina. Já na minha casa ela olhou à volta e perguntou: "E isto, é seguro?"

Claro que é, digo eu. Tem uma coisa que sei com certeza, a maioria de habitantes aqui sabem melhor de construção do que outra coisa.

A Cova da Moura foi habitada por retornados e portugueses vindos de outras partes do país nos anos 70. Este acontecimento foi devido ao elevado preço das habitações em Lisboa na mesma época. A zona de Sintra foi fortemente procurada, e o acesso à compra de terrenos era mais fácil.

Aqui a maioria da população, não só os homens mas também as mulheres, já trabalhou na construção civil. Esse era o trabalho de mais oferta nos anos 80. E aos fins de semana muitos dos habitantes continuavam as obras em suas casas.


"Manda a massa", num tom alto dizia o Chicklim para que o servissem mais de massa."Tá a sair,  tá a sair", respondia o meu pai. Todos nós lá de casa participávamos, ora era carregar baldes de massa ou fazer uma linha para passar os tijolos para arrumá-los. Sábado e domingo eram dias de empreitada.

As casas podem apresentar uma estrutura fora do irregular mas são bastante solidas. O bairro tem algumas similaridades com outros bairros como Alfama ou Mouraria. Isso pode-se ver nas ruas estreitas e nos becos que formam pequenos labirintos. Nunca ouvi falar de nenhum desastre. 

"Ali engenheiro é mi", diz o meu pai com algum orgulho à minha amiga. Aqui a construção não foi feita de maneira a toa mas sim com bases de conhecimento de construção civil. Essas técnicas combinadas e com os estilos de cada imigrante ou emigrante originou numa identidade e uma particularidade em cada habitação. 

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