quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O grande concerto improvável

Na passada 6º feira ao cair da noite já se sentia o frio, o vento fazia barulho e as nuvens estavam gordas e carregadas a cinzento escuro. Cheirava-me a um grande temporal. A minha vontade de ir assistir um concerto no Bartô já estava a desaparecer. Mas a curiosidade ganhou: o flyer informava que seriam LBC, Hezbó MC e AYE-AYE num concerto improvável. Este último grupo, ao contrário dos outros dois artistas que são rappers da Cova da Moura, não conhecia mas sabia que era de estilo punk.

Caminhei nas ruas estreitas e grafitadas de Lisboa com a sorte de ainda não estar a chover. Finalmente, depois de muitas subidas e escadas senti-me a chegar ao pico. O Chapitô parece uma pequena aldeia de madeira com árvores, plantas, mesas com velas e uma iluminação suave. Desci umas escadas ao bar Bartô e avistei LBC e Hezbó MC ainda cá fora. Foi um descanso ao saber que ainda não tinham começado. Ainda deu para conversar um pouco.

Lá dentro sentia-se uma vibração positiva pelo ar. Assim que peguei na minha cerveja, a batida começou a entrar. Hezbó MC com o LBC começaram a rimar em crioulo. No mic rolavam palavras como "fight pa tchiga freedom". Conhecia algumas músicas e quando dava por mim já estava a cantar. Outros convidados apareceram com MOV-I que adoçou mais o ambiente. Quando pensei que já estavam a fechar a sessão chegou a grande surpresa: uma mistura com os AYE-AYE, o grupo punk. O improvável, mas possível encontro. A recepção foi forte e o improviso foi à altura. A música deixou-nos com um sabor na boca, a pedir que continuassem.

Os artistas foram abordados com cumprimentos ao sair do palco, até que os perdi de vista. Fiquei muito contente por ter experienciado uma ocasião de estilos diferentes, mas juntos numa música de protesto. O caminhar para casa foi feita com grande alegria e sem preocupações climáticas.

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