quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Fitcha coragi e busca vida

"Olha as batatas, olha as batatas!"
Esse é o grito de alerta aos sábados de manhã do vendedor na sua carrinha. As donas de casa reconhecem-no e de imediato saem lá para fora caso precisem de abastecer o cesto dos vegetais.
"É barato, já agora leve o azeite e a garrafa de vinho, faço a um preço de amigo", diz o vendedor e o cliente pergunta se não quer abaixar mais um pouco.

Pouco de pois aparece outra carrinha desta vez a buzinar. É a vendedora dos ovos e das galinhas. Naquele instante a rotina se repete. Todos os vendedores sabem que há sempre uma possibilidade de fechar um bom negócio e o cliente pensa o mesmo. Essa é a essência de mercado de rua no meu bairro.

Eu me lembro que nos anos 80 a banana era uma relíquia. A minha mãe não as comprava porque eram muito caras. Todavia aparecia lá no bairro de vez em quanto vendedores com caixas de bananas. Elas eram moles mas os preços eram baixos.  Cativava-me aquele aroma bastante agradável e tinham um aspecto delicioso. A minha mãe aproveitava a oportunidade e comprava. A partir daquele momento eu passava a ser o monstro das bananas.

Mas também é normal encontrar nos bairros as pessoas locais a fazer o seu business. E não estou a falar de venda de droga. Hà a dona Dóka, a vendedora de frutas e vegetais, o sítio mais provável de encontrar a mandioca; a nha Póla vendedora do bom tabaco, que livra das horríveis constipações; o desenrasca do Cabeçada que passa a vida a consertar tudo e mais alguma coisa, que é muito popular pela sua disponibilidade e esforço.

Assim, o povo toma conta do seu próprio destino. "Fitcha coragi e busca vida", essa é a regra.

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