Quando falo de casa,
falo de um lugar de descanso. É como um barco atracado no cais depois de muitas
agitações no alto mar. Ou o peito da Mamã aonde o bebé adormece depois de amamentar. Um lugar tranquilo e seguro. A minha zona, Cova da Moura,
é esse lugar para mim.
Todos nós emigrantes ou imigrantes temos as nossas razões de
sair do lugar aonde nós gostamos. Mas é sempre bom regressar as origens e se
sentir em casa. Ouvir o funaná do vizinho, comer um gelado caseiro de Dona
Noti, sentar com os amigos no Largo da Bola ou na Rua Principal e vaguear nos
becos.
Eu tenho a sorte de ter um lugar aonde voltar. Mas nem todos têm esse privilégio. Muitos bairros foram destruídos e os moradores foram realojados para outras áreas desconhecidas. A uns nem casa deram para orientarem á vida. Perderam o seu pedaço de terra, se assim posso dizer.
Nem imagino os vazios que sentiram e a desorientação que
tiveram. Comunidades foram dispersas. Distanciaram famílias, amigos e vizinhos.
Não foi só uma perda de morada, mas também de identidade.
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