"Obrigado, bemvindos, é um prazer estar aqui", diz Hezbó MC quando abre um concerto. Transmite uma responsabilidade e humildade por ser um mestre de cerimónia, MC.
Fight pa txiga freedom é o título do seu último albúm. Tem como conteúdo critica social: os problemas sociais que de uma maneira ou outra nos afecta a todos como cidadãos. Hezbó MC fala dos subúrbios, da crise, dos imigrantes, dos assassínios pela mão da polícia, da dificuldade da comunidade africana, das discriminações e de outras experiências passadas pelo próprio.
Para além de um MC, também é um activista, e sente a responsabilidade para com o povo. "Eu falo [...] não só dos cabo-verdianos ou dos africanos mas também dos brancos pobres nos bairros, das pessoas que encaram com esses problemas", ele diz numa entrevista.
Hezbó MC tem traçado muitas lutas. Uma delas é a necessidade à utilização da língua crioulo, a sua língua mãe. Uma língua, que foi, e ainda é, muito criticada. Eu ainda me lembro de ser gozado por falar crioulo. Uns até chamavam de pretoguês porque não sabiam que crioulo é uma língua. "Falo na língua que sinto mais natural. [...] Eu também tenho esse direito", afirma Hezbó MC.
Em Portugal, os média tem por costume o hábito de consumir músicas em inglês. Só há algum tempo para cá que abriram mais espaço para outras músicas do mundo e nacionais. A questão da língua é muito importante. O escritor queniano Ngugi wa Thiong'o defende que "[l]anguage carries culture, culture carries [...] the entire values by which we came to perceive ourselves and our place in the world" no seu livro Decolonizing the Mind.
De mic na mão como seu canhão está a fazer uma excursão por todo o país. Promovendo o hip-hop e abrindo portas, uma vez fechadas. "Aquela mensagem, aquele sentimento que passo na minha música é importante."
sábado, 24 de maio de 2014
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Ali engenhero é mi
"Isto é totalmente diferente do que eu estava a espera", disse uma amiga olhando para a pequena colina. Já na minha casa ela olhou à volta e perguntou: "E isto, é seguro?"
Claro que é, digo eu. Tem uma coisa que sei com certeza, a maioria de habitantes aqui sabem melhor de construção do que outra coisa.
Claro que é, digo eu. Tem uma coisa que sei com certeza, a maioria de habitantes aqui sabem melhor de construção do que outra coisa.
A Cova da Moura foi habitada por retornados e portugueses vindos de outras partes do país nos anos 70. Este acontecimento foi devido ao elevado preço das habitações em Lisboa na mesma época. A zona de Sintra foi fortemente procurada, e o acesso à compra de terrenos era mais fácil.
Aqui a maioria da população, não só os homens mas também as mulheres, já trabalhou na construção civil. Esse era o trabalho de mais oferta nos anos 80. E aos fins de semana muitos dos habitantes continuavam as obras em suas casas.
"Manda a massa", num tom alto dizia o Chicklim para que o servissem mais de massa."Tá a sair, tá a sair", respondia o meu pai. Todos nós lá de casa participávamos, ora era carregar baldes de massa ou fazer uma linha para passar os tijolos para arrumá-los. Sábado e domingo eram dias de empreitada.
As casas podem apresentar uma estrutura fora do irregular mas são bastante solidas. O bairro tem algumas similaridades com outros bairros como Alfama ou Mouraria. Isso pode-se ver nas ruas estreitas e nos becos que formam pequenos labirintos. Nunca ouvi falar de nenhum desastre.
Aqui a maioria da população, não só os homens mas também as mulheres, já trabalhou na construção civil. Esse era o trabalho de mais oferta nos anos 80. E aos fins de semana muitos dos habitantes continuavam as obras em suas casas.
"Manda a massa", num tom alto dizia o Chicklim para que o servissem mais de massa."Tá a sair, tá a sair", respondia o meu pai. Todos nós lá de casa participávamos, ora era carregar baldes de massa ou fazer uma linha para passar os tijolos para arrumá-los. Sábado e domingo eram dias de empreitada.
As casas podem apresentar uma estrutura fora do irregular mas são bastante solidas. O bairro tem algumas similaridades com outros bairros como Alfama ou Mouraria. Isso pode-se ver nas ruas estreitas e nos becos que formam pequenos labirintos. Nunca ouvi falar de nenhum desastre.
"Ali engenheiro é mi", diz o meu pai com algum orgulho à minha amiga. Aqui a construção não foi feita de maneira a toa mas sim com bases de conhecimento de construção civil. Essas técnicas combinadas e com os estilos de cada imigrante ou emigrante originou numa identidade e uma particularidade em cada habitação.
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